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Câmara Setorial debate qualidade, nova estratégia de produção e armazenamento para o trigo

Desenvolvimento da cadeia produtiva do trigo foi tema de reunião - Foto: Vilmar da Rosa

Desenvolvimento da cadeia produtiva do trigo foi tema de reunião – Foto: Vilmar da Rosa

Reunida na tarde de hoje (15), a Câmara Setorial do Trigo discutiu importantes propostas para o desenvolvimento do setor. As pautas foram construídas em seis meses de encontros do grupo executivo definido pelo alinhamento estratégico da Câmara Setorial.

Liderada pelo coordenador da Câmara, Áureo Mesquita, a reunião teve início com a apresentação, pelo pesquisador da Embrapa Trigo, Eduardo Caierão, do projeto para avaliação da qualidade da safra 2013 de trigo do Rio Grande do Sul. De acordo com a metodologia apresentada, o projeto visa a análise de 384 amostras, abrangendo seis mesorregiões do Estado, 26 microrregiões e 172 municípios. As amostras devem ser coletadas pela Emater, levando em consideração os aspectos de armazenamento e seguindo procedimentos normatizados.

Segundo o pesquisador, durante o levantamento também será considerada a questão climatológica da safra 2013 e, ainda, averiguados, paralelamente, os tipos de cultivares plantados em cada uma das regiões. Além disso, a ideia é que o projeto seja divido em três etapas: análise da qualidade, de micotoxinas e de resíduos de pesticidas.

Conforme Caierão, os resultados serão apresentados em dois relatórios. O primeiro dividido pela classificação comercial (classe, tipo e análises complementares). Já no segundo relatório constaria a avaliação dos contaminantes do trigo (micotoxinas e resíduos). “Essa foi a estratégia pensada para repassarmos a informação para a cadeia produtiva”, explica o pesquisador.

O orçamento para a execução do projeto é de aproximadamente R$ 1,5 milhão. Em função do alto custo, por sugestão do presidente da Câmara Setorial e validação dos representantes do setor, ficou acordado que apenas a primeira etapa – a qual diz respeito à análise da qualidade da safra e tem custo de R$ 376.320,00 – será operacionalizada o mais breve possível. Para Mesquita, isso proporcionará que neste ano já se tenha um diagnóstico da safra gaúcha. Desse modo, as outras duas etapas do projeto devem ficar para um segundo momento.

 

Estratégia de produção

A segunda pauta validada pela Câmara Setorial do Trigo durante a reunião foi a ideia da construção de uma estratégia de produção da cultivar de trigo da classe pão, partindo da tentativa de criar uma identidade para o trigo gaúcho e assim trabalhar uma estratégia de marketing externo. Segundo Mesquita, qualquer outro tipo de trigo seria produzido apenas através de demanda integrada. “Assim assumimos como estratégia a produção de trigo pão e o melhoramento da qualidade desse produto, trazendo grandes benefícios para o setor”, defende Mesquita.

Em função do desabastecimento de trigo que ocorre anualmente no Rio Grande do Sul, sendo necessária a importação do produto de outros Estados e países, o terceiro ponto em discussão durante o encontro foi uma política de abastecimento industrial, com base em instrumentos permanentes e estratégicos, sendo eles: a proposta de que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) venha a adquirir pelo menos 500 mil toneladas de trigo; a disponibilização de créditos para que os moinhos comprem o produto; e a disponibilização das unidades da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) para secagem e armazenamento da produção.

O presidente da Cesa, Márcio Pilger, apresentou um levantamento da disponibilidade para recebimento de trigo pronto na rede de filiais da Companhia. Segundo ele, no momento seria possível armazenar 170 mil toneladas, distribuídas em 11 unidades. “Mas nossa previsão é de que até a safra esse número possa chegar a 200 mil toneladas. Além disso, nossas unidades provavelmente já terão recebido os novos funcionários que serão contratados em caráter emergencial, tornando assim possível que seja realizado um melhor atendimento aos produtores”, afirma Pilger.

Na ocasião, também foi apresentada, pela Embrapa, uma proposta de indicação para trigos semitardios e tardios, visando a semeadura antecipada para produção de grãos de duplo propósito (forragem e grão). A proposta será encaminhada pela Câmara Setorial do Trigo ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Participaram da reunião o coordenador geral das Câmaras Setoriais, Milton Bernardes, pesquisadores da Embrapa, representantes da Farsul, Fepagro, Acergs, Fecoagro, Sinditrigo e Conab.

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